Hay quien dice …

Citação

Hay quien dice que estoy como una cabra;
lo dicen, lo repiten, ya lo creo;
pero soy una cabra muy extraña
que lleva una medalla y siete cuernos.
¡Cabra! En vez de mala leche yo doy llanto.
¡Cabra! Por lo más peligroso me paseo.
¡Cabra! Me llevo bien con alimañas todas.
¡Cabra! Y escribo en los tebeos.
Vivo sola, cabra sola
—que no quise cabrito en compañía—,
cuando subo a lo alto de este valle,
siempre encuentro un lirio de alegría.
Y vivo por mi cuenta, cabra sola;
Que ya a ningún rebaño pertenezco.
Si sufrir es estar como una cabra,
Entonces sí lo estoy, no dudar de ello.

Cabra Sola, de Gloria Fuertes / Poeta de Guardia, Barcelona, 1968.

Referencias visuais e outras viagens coloridas

Sei que está um pouco “em cima” o que eu vou mandar, mas só pude me debruçar de verdade na minha pesquisa de imagem para o filme agora, também porque agora parece que tudo tem ficado mais claro na minha cabeça. Mas antes tarde do que nunca! – como diria alguém atrasado e perseverante. Fiz uma pesquisa para trazer em imagens, coisas que gostaria que compuséssemos juntos para o figurino e a arte, no geral, para o No Penhasco. Depois de fazer uma busca pelas minhas imagens, acabei por esbarrar numa página onde encontrei boas imagens, tanto quanto às cores tanto pela expressividade delas de maneira integral. O site era um mapeamento do expressionismo, que se utilizava de algumas imagens para completar o entendimento desse movimento em diversas artes e autores. O que me levou a isso foi a busca pelo paleta de cores lúgubre, e ao mesmo tempo, vibrante. Notei que muito do que eu buscava em tons estava nas pinturas expressionistas, a mistura do sagrado e do profano, loucura e lucidez e assim por diante (tchururururu).

Com isso fiz uma paleta de cores, com essa limitação digital de umas cores meio estranhosas, mas enfim… não dá também pra por florido nessa paleta. A gente vai se contentando. É mais para… inspirar!

Seguem as partes que mais me interessaram, no sentido de que o texto traz uma informação mais formal, mas que podem ser interessantes, e as imagens são coisas que correspondem aos tons que sugiro para trabalharmos:


”O movimento surge como uma reacção ao positivismo associado aos movimentos impressionista e naturalista, propondo uma arte pessoal e intuitiva, onde predominasse a visão interior do artista – a “expressão” – em oposição à mera observação da realidade – a “impressão”.

O expressionismo compreende a deformação da realidade para expressar de forma subjectiva a natureza e o ser humano, dando primazia à expressão de sentimentos em relação à simples descrição objetiva da realidade. Entendido desta forma, o expressionismo não tem uma época ou um espaço geográfico definidos.”

“O expressionismo defendia a liberdade individual, o primado da subjectividade, o irracionalismo, o arrebatamento e os temas proibidos – o excitante, diabólico, sexual, fantástico ou perverso. Pretendeu ser o reflexo de uma visão subjectiva e emocional da realidade, materializada através da expressividade dos meios plásticos, que adquiriram uma dimensão metafísica, abrindo os sentidos ao mundo interior.”

Fränzi perante uma cadeira talhada (1910), deErnst Ludwig Kirchner, Museu Thyssen-Bornemisza, Madrid.

“Os expressionistas utilizavam a arte como uma forma de refletir os seus sentimentos, o seu estado anímico, propenso pelo general à melancolia, à evocação, a um decadentismo de corte neorromântico. Assim, a arte era uma experiência catárquica, onde se purificavam os desafogos espirituais, a angústia vital do artista.”

Tirol (1914), de Franz Marc, Staatsgalerie Moderner Kunst, Munique.

“Outro dos referentes da arte expressionista foi a arte primitiva, especialmente a da África e Oceania, difundida desde finais do século XIX pelos museus etnográficos. As vanguardas artísticas encontraram na arte primitiva uma maior liberdade de expressão, originalidade, novas formas e materiais, uma nova concepção do volume e da cor, bem como uma maior transcendência do objeto, pois nestas culturas não eram simples obras de arte, mas tinham uma finalidade religiosa, mágica, totêmica, votiva, suntuária. São objetos que expressam uma comunicação direta com a natureza e com as forças espirituais, com cultos e rituais, sem nenhum de tipo de mediação ou interpretação.”

Paul Cézanne, que começou um processo de desfragmentação da realidade em formas geométricas que terminou no cubismo, reduzindo as formas a cilindros, cones e esferas, e dissolvendo o volume a partir dos pontos mais essenciais da composição. Colocava a cor por camadas, imbricando umas cores com outras, sem necessidade de linhas, trabalhando com manchas. Não utilizava a perspectiva, mas a superposição de tons cálidos e frios davam sensação de profundeza

The Abduction, Paul Cézanne, 1867.

Ernst Ludwig Kirchner

fonte:http://pt.wikipedia.org/wiki/Expressionismo

Apareci hoje. Eis o que me moveu, escrito.

Utopia: o que move, a partir da palavra “impossível” sendo dita. A transformação livre do acontecimento amoroso, do tabu nas projeções do prazer entre corpos humanos segundo a construção referencial cuja filtragem rasteja numa dificuldade do qual a seriedade prejudica a vibração, transliterações de cópulas no toque dos dedos rugosos. Existem tabus deste lado do Equador. Mesmo aqui, em lados tão pouco movimentados, como nossa fuzarca de objetos emissores que se encontram.

Um objeto que surge imergindo numa aparição. É uma resultante das emanações no rebolado semiótico. Confunde-se com sua desaparição. Desperta o estado de atenção específico a esse trâmite de emissões. Alguém olha, move o pescoço, guizalha soando a guisada preta. Sustenta suas contradições envenenando de variáveis as suas próprias estruturas. O objeto aparece em torno de uma voz que se manifesta. É a sonorização hipnótica do objeto desaparecendo.

Do Impossível

Do Impossível.

É uma vocalização melódica o que aparece. Foge-me a concretude dessa imprecisão.

(Partindo do ponto em que apareci para dizer que não vou aparecer.)

O Movimento Comestível!

O que se move é comestível, sempre, depende apenas do paladar. Do gosto!

Fome eu tenho de tudo, fome é fome, não é desejo, é sobrevivência pelo outro. Necessito do outro para que então possa desejar, experimentar e até mesmo enlouquecer!

Vida! Vida que gera vida, que me dá, que me tira, que me faz fome! Tenho fome de vida, de frescor, de movimento!!! Saboreio o que me presenteia, que me fornece aquilo que não tenho e que ao mesmo tempo me consome, mostra o que sou, o que quero ser e do que jamais me livrarei: a fome daquilo que preciso para sobreviver e ser!

(não consigo escrever grandes textos com intensidade, talvez nem os curtos. Em todo caso aí está)

Por esse alimento, Uma oração

Primeiro os lábios,

e a língua,

e o estômago,

então o espírito prepare

para o escarro

O sangue destas veias

Nasceu do sangue dela.

A dureza destes ossos

É cria dos ossos dela.

A maciez desta carne nasceu da carne dela

A luz perdida deste olhos, o alcance surdo destes ouvidos,

São as cores e os sons dela,

Em verdade digo, és um como ela,

Dela nasceste,

Nela vives e

Nela apodrecerás.

Pois teu alento é o alento Dela,

Teu sangue o sangue Dela,

Teus ossos os ossos Dela,

Tua carne a carne Dela,

Teus olhos e teus ouvidos são Dela também.

Aquele que se alimenta dela,

Não morrerá jamais.

Primeiro os lábios,

e a língua,

e o estômago,

então o espírito prepare

para o escarro.

Gota d’água

BUARQUE, Chico e PONTES, Paulo. Gota D’Água. Rio de Janeiro, RJ: Civilização Brasileira Ed., 1982, p.160.

JOANA
Tudo está na natureza
encadeado e em movimento –
cuspe, veneno, tristeza,
carne, moinho, lamento,
ódio, dor, cebola e coentro,
gordura, sangue, frieza,
isso tudo está no centro
de uma mesma e estranha mesa
Misture cada elemento –
uma pitada de dor,
uma colher de fomento,
uma gota de terror
O suco dos sentimentos,
raiva, medo ou desamor,
produz novos condimentos,
lágrima, pus e suor
Mas, inverta o segmento,
intensifique a mistura,
temperódio, lagrimento,
sangalho com tristezura,
carnento, venemoinho,
remexa tudo por dentro,
passe tudo no moinho,
moa a carne, sangre o coentro,
chore e envenene a gordura
Você terá um ungüento,
uma baba, grossa e escura,
essência do meu tormento
e molho de uma fritura
de paladar violento
que, engolindo, a criatura
repara o meu sofrimento
co’a morte, lenta e segura